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_________________________________________RA-TA-TA-TA, OLÉ!________________________________________

13.5.05

Sobre a Praia da Rocha

Numa época em que a Praia da Rocha ainda não era massivamente frequentada por banhistas e que até se encontrava no seu estado virgem, sem possuir quaisquer tipos de infra-estruturas (finais do Séc. XIX), já havia quem escrevesse sobre ela, realçando as suas potencialidades, como estância balnear.
No início do séc. XX, A Praia da Rocha já goza de alguma fama como estância balnear, apesar de serem ainda escassas as infra-estruturas de apoio aos banhistas. Estes tinham de encontrar alojamento na então Vila Nova de Portimão, alojamento esse facilmente esgotado na época dos banhos.
A abertura de um casino na Praia da Rocha é um marco no crescimento da procura desta estância balnear, por parte das famílias abastadas do Sul do país e da Andaluzia. Muitos destes aristocratas povoaram a Praia da Rocha de vivendas e chalets.
A procura começou a crescer de certa forma que, até haviam indivíduos que mandavam construir prédios e os alugavam antes da sua conclusão. Nesta altura, eram apenas os aristocratas e os mais abastados que iam a banhos, nomeadamente os portugueses e espanhóis. Os americanos eram raros e os ingleses preferiam as reservas no Inverno.
A chegada do Caminho-de-ferro a Portimão, em 1915, foi um forte impulsionador do turismo balnear na época, uma vez que o acesso à vila se tornara mais rápido, cómodo e seguro.
Um dos primeiros hotéis construídos na Praia da Rocha, o Hotel Viola, não tinha capacidade para responder à crescente procura turística, de modo que muitos dos hóspedes tinham de partilhar os quartos com outros e alguns até pernoitavam nos vãos de escada. Quem não se quisesse sujeitar a estas condições, teria de procurar alojamento na vila. Só alguns anos mais tarde e com a cada vez mais crescente procura turística, é que o Hotel Viola foi ampliado e foram surgindo novos hotéis e pensões mais humildes.
O “Boom Turístico” dos anos 60, motivado principalmente pela construção do Aeroporto de Faro, teve consequências irreversíveis em termos sócio-económicos e espaciais. A constante procura de terrenos perto do mar levou à especulação e à chamada “betonização do litoral”.
Dados estes acontecimentos, a Praia da Rocha perdeu a sua aura inicial, que atraiu os primeiros banhistas, para se transformar num espaço cosmopolita e dinâmico. A praia deixou de ser pacata e paradisíaca. Se no princípio do séc. XX certos autores criticavam a linha de chalets existentes ao longo da costa ficando horrorizados com a destruição da paisagem natural, hoje, passados cerca de cem anos, e com uma linha de monstruosas torres de betão, debruçadas sobre as falésias e entorpecendo a paisagem, quais seriam os seus sentimentos em relação à Praia da Rocha?